Nos últimos anos, o mundo do vinho tem ado por transformações interessantes. Motivadas por mudanças no estilo de vida dos consumidores e por avanços tecnológicos, muitas vinícolas estão apostando em rótulos com menor teor alcoólico, ou até mesmo sem álcool. Essa tendência segue o movimento de outros produtos do nosso dia a dia, como cafés descafeinados, refrigerantes zero açúcar e cervejas sem glúten.
Mas como é possível tirar o álcool do vinho sem perder seu sabor, aroma e qualidade? A resposta está em um conjunto de técnicas modernas que permitem fazer isso com muito cuidado, respeitando as características que tornam o vinho tão especial.
O papel do álcool no vinho
O álcool no vinho não é apenas uma questão de embriaguez. Ele interfere diretamente no sabor, nos aromas e até na textura da bebida. Por isso, retirá-lo exige atenção técnica. Além disso, o aumento das temperaturas no mundo todo tem feito com que as uvas amadureçam mais rápido e com mais açúcar, o que naturalmente eleva o teor alcoólico dos vinhos. Por isso, controlar ou reduzir esse teor tem se tornado cada vez mais importante para manter o equilíbrio da bebida.
Como é feita a desalcoolização?
Existem três métodos principais utilizados pelas vinícolas para reduzir ou retirar o álcool dos vinhos:
- Destilação a vácuo – Nessa técnica, o vinho é aquecido em um ambiente de pressão muito baixa, o que permite que o álcool evapore em temperaturas mais baixas, preservando boa parte dos aromas. Em seguida, esses aromas podem ser reintegrados ao vinho.
- Osmose inversa – Um processo que utiliza membranas especiais para separar o álcool e a água dos demais componentes do vinho. Depois, o álcool é retirado por destilação e a água retorna ao vinho, mantendo sua estrutura e sabores essenciais.
- Coluna de cones giratórios (Spinning Cone Column) – Tecnologia sofisticada que separa os compostos voláteis, como álcool e aromas, e permite reintegrá-los ao vinho após a desalcoolização. Essa técnica é bastante eficaz para preservar o sabor e costuma ser usada por grandes produtores.
E o sabor, continua o mesmo?
Ainda que o desafio seja grande, os avanços têm permitido que esses vinhos mantenham características muito próximas às das versões tradicionais. O segredo está em encontrar o ponto certo: retirar o álcool sem comprometer o prazer de degustar.
A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) já definiu regras para regular esses processos, garantindo que os produtos estejam de acordo com padrões de qualidade. Mas ainda é um investimento extremamente caro.
Na Espanha, a Família Torres investiu no final de 2024, mais de 4 bilhões de euros em equipamentos e estruturas para produção de vinhos desalcoolizados. A vinícola já é uma referência nesse seguimento desde 2008, e conta com um amplo portfólio de produtos sob diversas denominações de origem (DO) espanholas, como Penedès, Rioja e Ribera del Duero, além de vinhos e destilados produzidos no Chile e nos Estados Unidos.
Um novo perfil de consumo
A procura por vinhos com menos álcool ou sem álcool tem crescido não apenas por questões de saúde, mas também por mudanças nos hábitos sociais. Hoje, muitas pessoas querem apreciar um bom vinho durante o dia, antes de dirigir ou em momentos que pedem moderação.
Assim, os vinhos desalcoolizados representam não apenas uma tendência, mas uma nova possibilidade: a de brindar com sabor e leveza, sem renunciar ao prazer nem da tradição.
E você? Já provou algum rótulo sem álcool?
Saúde!
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