img.wp-smiley, img.emoji { display: inline !important; border: none !important; box-shadow: none !important; height: 1em !important; width: 1em !important; margin: 0 0.07em !important; vertical-align: -0.1em !important; background: none !important; padding: 0 !important; }
sáb 14/junho/2025 07:06
Capa
Geral
Cachoeiro
Política
Oportunidade
Saúde
Educação
Economia
Agro
Segurança
Turismo
Esporte
DiaaDiaTV
Publ. Legal
Mundo Pet
Cultura

Out of Africa – Entre dois Amores

OLIVIA BATISTA DE AVELAR. “Eu tinha uma fazenda na África, no sopé das colinas Ngong. Aqui estou, onde deveria estar. Tenho sido uma viajante mental - por toda a minha vida.”

“Eu tinha uma fazenda na África, no sopé das colinas Ngong. Aqui estou, onde deveria estar. Tenho sido uma viajante mental – por toda a minha vida.”

Esses são trechos do livro “A Fazenda Africana” lançado em 1937 e assinado por Isak Dinesen. Sucesso instantâneo, as palavras de iração e declaração de amor às cores e à natureza exuberante contavam a história de vida de uma mulher audaciosa que comandou uma plantação de café no Quênia, por volta dos anos de 1914. Dinesen era um pseudônimo e a história era verdadeira. Anos mais tarde, o livro começaria a ser publicado com o nome de sua verdadeira autora, a mulher que viveu tudo o que está escrito nas páginas dessa história: Karen Blixen tinha uma fazenda na África. Uma dinamarquesa que construiu uma fazenda cafeeira aos pés das colinas Ngong. Que caçou leões e que seguiu seu próprio coração indômito ao amar o homem que, por muitas noites, sentava-se perto do fogo e lhe pedia que contasse mais uma de suas fascinantes histórias. Karen, que na juventude sonhava em ser pintora, criava seus quadros com as palavras e, enquanto entretia, elevava a imaginação e a iração de tantos homens e mulheres que frequentavam as varandas, salas e bibliotecas da grande casa em que ela viveu e amou, nos arredores da Nairóbi do início de século 20, ainda sob o domínio Inglês.

O filme Out of Africa – Entre Dois Amores em tradução brasileira – disponível na Netflix, foi lançado em 1985, em comemoração ao centenário de nascimento da autora. São pouquíssimos os filmes românticos que me encantam – não porque me considero inalcançável para as histórias de amor – mas, antes, porque contar algo que é, ao mesmo tempo, tão íntimo e tão universal, é uma tarefa que requer delicadeza e experiência. É preciso saber tocar a verdade de todos nós, que já amamos: queremos nos reconhecer nas mais curtas frases, nas motivações altruístas ou mesquinhas, na vergonha e na humilhação das mentiras veladas e na certeza desoladora das verdades perdidas. Ninguém ama igual. E, também já foi escrito, muitas vezes, que um mesmo amor não acontece duas vezes. Irrepetível e universal.

Uma história de amor nunca contará a nossa própria história, mas o que buscamos encontrar – em cada uma delas – é a confirmação inequívoca de que, sim, foi amor o que experimentamos em nossa vida.

As paisagens africanas arrebataram Karen e a receberam em toda a sua opulência, mistério, dominação classicista e sabedoria tribal. O contraste entre a porcelana elegante em suas mãos e os pés escalavrados e descalços de seus trabalhadores nativos: ela deslizava entre ambos os extremos e curava os Kikuyus doentes com a mesma elegância e altivez que desdenhava dos es ingleses, o gramofone instalado ao ar livre, tocando Mozart enquanto Karen e Denys observavam o leão que devorava sua presa. Todas as vezes que assisto essas cenas, me pergunto: será que Karen realmente existiu? Será que ela se lançava a viver aquilo que seria digno de, anos mais tarde, ir parar nas páginas de seus próprios livros? Ou será que, de tão fantástica a sua história, se trata, na verdade, de uma personagem – entre as muitas condessas e odaliscas e chineses e espiões embarcando em aviões – que saltou do seu livro e exigiu ter uma vida própria? Uma metonímia de si: Karen viveu uma vida absurdamente digna de ser contada e, não bastasse, foi ela mesma quem segurou a pena e transcreveu sua história. Podemos ler Karen no cinema, nos seus livros, nas pedras da savana.

Não sei quem eu iro mais: a mulher real, cuja pele se queimou sob o sol africano durante a colheita do café e que se iluminou sob a luz da lua, dançando e segurando uma taça de champanhe em noites de gala ao som dos animais tão próximos; ou a personagem que ela criou de si – aquela que sobreviveu à sua própria morte e que se fez história. Que se fez histórica. E que sobrevoa, ainda hoje e agora, os rios caudalosos do Quênia, feito ave que vigia e que zela. Que ainda planta e escreve com as próprias mãos. Que amou imensamente um país estrangeiro como se fosse seu, um homem com quem nunca se casou e a si mesma e sua própria jornada ao ponto de se eternizar como a heroína máxima de sua irável vida. Esse é o meu filme romântico preferido – o que afirma: vão-se as posses, nos despedimos das paisagens, as pessoas morrem, os anos se esvaem. Mas, o amor – esse permanece.

E é com essa certeza fulgaz que nos permitimos sentir que “futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber, com o amor que eu um dia deixei pra você.”

 

Olivia Batista de Avelar. Professora de inglês, pós graduada em filosofia, apaixonada por cinema e escritora

👉 Receba as notícias mais importantes do dia direto no seu WhatsApp!
Clique aqui para entrar no grupo agora mesmo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

ciaxas-preferencias-procon-

Agora é lei: caixas preferenciais devem ter empacotadores em Cachoeiro

Samu_11_10_2023

Acidente entre motos em frente à prefeitura de Mimoso do Sul deixa mulher ferida

nota-falsa-pf-apiaca

Homem é preso em Apiacá ao receber R$ 4 mil em notas falsas pelos Correios

Os três também foram afastados de suas funções públicas.

Três agentes públicos são denunciados por desvio de recursos na Câmara de Rio Novo do Sul

escultura-irma-vicencia-artista-12-06-2025

Festa de Corpus Christi: Irmã Vicência será eternizada em estátua

corpus-christi-2025-oficinas-

Corpus Christi de Castelo:  oficinas ensinam arte do tapete e das adeiras

As prefeituras do Espírito Santo têm até 30 de junho para confirmar a participação de suas delegações.

Inscrições abertas para os Jogos da Pessoa Idosa 2025

lancamento-feira-dos-municipios-2025-cachoeiro

Cachoeiro marcará presença na Feira dos Municípios

Leia mais